Divisões no Fed devem se aprofundar à medida que debate avança para novos cortes

The Marriner S. Eccles Federal Reserve building in Washington, DC. Photographer: Alex Wroblewski/Bloomberg

O Federal Reserve (Fed) deve anunciar nesta semana o segundo corte consecutivo de juros, em meio a sinais de fraqueza no mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Mas a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário após outubro deve enfrentar resistência crescente de dirigentes preocupados com a inflação.

Por ora, a ala dovish (mais favorável a juros baixos) prevalece, garantindo a redução das taxas. Ainda assim, o grupo mais cauteloso teme que o Fed vá longe demais.

Inflação desacelera, mas incertezas permanecem

Dados divulgados na sexta-feira (24) mostraram que a inflação subjacente nos EUA teve em setembro o ritmo mais lento dos últimos três meses. O resultado reforça a expectativa de novo corte na próxima reunião, mas não sustenta a tese de uma série prolongada de reduções.

“Isso mantém o Fed inclinado a cortar em outubro”, disse Nicole Cervi, economista do Wells Fargo, “mas o quadro geral da inflação pouco mudou.”

O Fed havia mantido os juros estáveis ao longo do ano, avaliando o impacto das tarifas e de mudanças políticas sobre a economia.

Com a forte desaceleração das contratações no verão, a autoridade monetária decidiu reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual em setembro, projetando mais dois cortes até o fim do ano.

Desde então, novos dados do mercado de trabalho trouxeram pouco alívio. O presidente Jerome Powell reconheceu que o mercado de trabalho “enfraqueceu de forma considerável” e destacou “riscos significativos de baixa”.

Mercado aposta em cortes até março

Os investidores já precificam três cortes de 0,25 ponto percentual — em outubro, dezembro e março.

Os títulos do Tesouro americano, beneficiados pela expectativa de juros menores, acumulam o melhor desempenho desde 2020. O rendimento do Treasury de 10 anos caiu abaixo de 4%, refletindo o otimismo com mais reduções à frente.

“Será difícil se afastar dos 50 pontos-base já precificados para as próximas duas reuniões”, disse Vishal Khanduja, da Morgan Stanley Investment Management.

Mesmo assim, dirigentes regionais do Fed devem pressionar por cautela. Projeções de setembro mostraram que nove dos 19 formuladores de política monetária viam espaço para, no máximo, um corte adicional — e sete não apoiavam novos ajustes.

Temor com inflação de serviços e credibilidade

Alguns membros reconhecem a perda de fôlego nas contratações, mas ressaltam que a oferta de mão de obra também caiu, especialmente com a queda na imigração. Isso significa que menos vagas são necessárias para manter o desemprego estável.

Preocupações com inflação persistente também voltaram a ganhar força. A presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, alertou para a alta nos preços de serviços, que vêm superando 3% ao ano por quatro meses seguidos.

Outros dirigentes lembram que a inflação está acima da meta de 2% há mais de quatro anos, e que o retorno ao alvo pode levar até 2028 — um cenário que ameaça a credibilidade do Fed.

“A estabilidade das expectativas de longo prazo é um testemunho da credibilidade da política monetária”, disse Anna Paulson, presidente do Fed da Filadélfia. “É fundamental concluir o trabalho e trazer a inflação de volta a 2%.”

Falta de dados aumenta incertezas

O atual shutdown do governo americano limita a divulgação de indicadores oficiais, dificultando as avaliações do Fed.

Segundo Veronica Clark, economista do Citigroup, a autoridade deve seguir o plano de setembro: dois cortes adicionais neste ano e apenas um em 2026.

“Há muita divisão, mas nada que realmente mude a percepção dos dirigentes”, afirmou Clark. “A principal mensagem será a falta de clareza sobre os rumos da economia.”

Mesmo entre os mais cautelosos, há sinais de dúvida. O diretor Christopher Waller disse que o contraste entre o crescimento robusto da economia e a fraqueza do emprego exige prudência.

“Algo precisa ceder”, afirmou. “Ou o crescimento desacelera para acompanhar o mercado de trabalho, ou o emprego reage para sustentar a economia.”

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