Do agro ao trade: Fabíola Carvalho transformou uma perda de R$ 400 mil em aprendizado

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A trajetória de Fabíola Carvalho é marcada por viradas improváveis e resiliência. Doutora em agronomia, ela construiu uma das maiores empresas de pesquisa agrícola de Uberlândia antes de se aventurar no mercado financeiro — um terreno tão desafiador quanto o agronegócio.

O desafio começou de forma despretensiosa e, como ela mesma conta, com uma boa dose de impulso. “Entrei sem saber nada de mercado, nada de análise técnica, nada de trade. Comecei a clicar, ganhava R$1.000, R$2.000 do nada e achei que era fácil demais”, relembra.

Convidada do episódio 73 do programa GainDelas, no canal GainCast, Fabíola revelou que sua primeira experiência no trading foi marcada por um erro grave.

Ao deixar uma operação aberta sem perceber, ela acordou no dia seguinte com um prejuízo de R$300 mil.

“Saí gritando na empresa, desesperada. Quebrei, fali, achei que tinha acabado tudo. Liguei na corretora e o pessoal da XP me falou que era chamada de margem para o swing. Eu não tinha fechado a minha operação”, conta.

O episódio virou o ponto de virada de sua vida: dali em diante, ela decidiu estudar o mercado com a mesma dedicação dos 12 anos de mestrado e doutorado que dedicou ao agro.

O dia de fúria e a reconstrução

O tempo trouxe aprendizado, mas também novos testes. Depois de evoluir tecnicamente, Fabíola enfrentou o que chama de “semana de fúria”. Foram dias de impulsividade, ansiedade e perdas em sequência. Em poucos dias, acumulou uma perda de R$400 mil. “Foi um drawdown de fúria. Eu ficava com ânsia de recuperar e acabava perdendo mais”, relata.

O impacto foi tão profundo que ela precisou se afastar completamente das telas e do mercado financeiro. “Fiquei três meses em depressão, fora do mercado. Parei tudo, até o Instagram. Falei: ‘Você não queria desafio? Toma desafio’”, relembra.

Mas o afastamento foi apenas o início de uma reconstrução mental profunda. O retorno foi lento e calculado. Fabíola passou a operar com duas contas simultâneas, uma estratégia criada para enganar o próprio cérebro e aliviar o medo de lidar com grandes números.

“Percebi que eu precisava ver o copo enchendo aos poucos. Então comecei a fazer ganhos pequenos em duas contas. No final do mês, via o total somado e voltava a acreditar”, explica.

O processo levou anos até a consolidação da consistência emocional e financeira. “O medo de perder faz perder. Hoje, só deixo na conta o que estou disposta a perder”, conclui.

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Disciplina, rotina e liberdade: a virada mental

Superada a fase de recuperação, Fabíola entendeu que seu maior desafio não era mais técnico, e sim psicológico. Ela voltou a praticar esportes e buscou acompanhamento terapêutico para lidar melhor com o emocional exigido pelo mercado financeiro.

“Desde pequena minha mãe me colocava no esporte. E o que o esporte ensina é resiliência e disciplina”, afirma.

Ao resgatar esses hábitos, passou a observar melhor o próprio comportamento e a relação entre rotina e performance. “O mesmo lugar do cérebro que constrói um hábito é o que retira esse hábito. Então comecei a fazer coisas diferentes: dormir direito, treinar, cuidar do corpo e da mente”, explica.

A base emocional também veio do suporte familiar e de amigos próximos. “O apoio é essencial, porque o trading é uma carreira solo”, reconhece.

Fabíola acredita que a mudança de mentalidade foi determinante para sair do ciclo de ansiedade e impulsividade. “O mercado me ensinou a aceitar as perdas. No momento em que você aceita, tudo flui”, observa.

Depois de reconstruir a mente, ela passou a enxergar o sucesso de outra forma. Hoje, Fabíola vê o tempo como o verdadeiro patrimônio que conquistou. A liberdade de trabalhar de qualquer lugar e a serenidade para lidar com o risco se tornaram sua recompensa.

“A coisa mais valiosa que a gente tem é o tempo. Já perdi noites, festas e muito mais para chegar até aqui. Hoje posso trabalhar de onde quiser, com meu computador, e isso pra mim é liberdade”, conclui.

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