Quais os BDRs superam as Sete Magníficas no ano? Veja lista e compare

Quem acha que as Big Techs americanas são a únicas a figurar entre as maiores altas do mercado neste ano está enganado. Segundo estudo da consultoria Quantum Finance, as “Sete Magníficas” — Nvidia (NVDC34), a controladora do Google Alphabet (GOGL34), Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34), Tesla (TSLA34), Amazon (AMZO34) e Apple (AAPL34) estão bem atrás de outras companhias bem menos conhecidas como MP Materials, Sibanye StillWater, Quantumscape, Gold Fields, Seagate Technologies ou Aura Minerals, que sobem mais de 140% no ano até outubro.

A consultoria usa como referência os preços dos recibos de ações dessas empresas negociados na B3, os Brazilian Depositary Receipts, ou BRDs, e que permitem ao investidor brasileiro ter esses papéis em sua carteira sem aplicar lá fora.

Enquanto isso, MP Materials, que trabalha com terras raras, minerais essenciais para a indústria de tecnologia e armamentos, sobe 243,73% até outubro. A mineradora sul-africana Sibanye, que produz platina, paládio e ródio, ganha 181,35%.

A lista tem ainda a fabricante de baterias de lítio para carros Quantumscape, com alta de 174,31%; outra mineradora de ouro, a Gold Fields, com 166,25%; a fabricante de memórias e discos rígidos Seagate, com 160,40%; e a também mineradora de ouro e cobre Aura Minerals, com ganho de 140,26%.

Confira a lista abaixo:

Nome Ticker Retorno 2025    até 31/10
MP MATERIALS CORP M2PM34 243,23%
SIBANYE STILLWATER LTD S1BS34 181,35%
QUANTUMSCAPE CORP Q2SC34 174,31%
GOLD FIELDS LTD G1FI34 166,25%
SEAGATE TECHNOLOGY HOLD PLC S1TX34 160,40%
AURA MINERALS INC AURA33 140,26%
TE CONNECTIVITY PLC T1EL34 128,47%
MICRON TECHNOLOGY INC MUTC34 126,34%
Fonte: Quantum Finance

No mesmo período, Nvidia sobe 27,72%, Alphabet, 26,75% e Microsoft, 5,06% enquanto Meta e Tesla recuam 4,70%, Amazon perde 5,46% e Apple cai 5,76%.  

Confira e compare:

Nome Ticker Retorno 2025   até 31/10
NVIDIA CORP NVDC34 27,72%
ALPHABET INC GOGL34 26,75%
ALPHABET INC GOGL35 26,71%
MICROSOFT CORP MSFT34 5,06%
META PLATFORMS M1TA34 -4,69%
TESLA INC TSLA34 -4,70%
AMAZONCOM INC AMZO34 -5,46%
APPLE INC AAPL34 -5,76%
Fonte: Quantum Finance

A perda de fôlego das Sete Magníficas reflete a preocupação do mercado com uma possível bolha no setor após a rápida e forte valorização desses papéis no ano passado e no começo deste ano impulsionada pela inteligência artificial.

Além disso, no caso dos BDRs, pesou contra o fato de serem papéis cotados em dólar e, como o real se valorizou diante da moeda americana (o dólar tem baixa de 13% neste ano), seu desempenho foi ainda pior, explica Marcos Praça, diretor de análise na Zero Markets Brasil.

“Mas, mesmo sem o câmbio, algumas ações estariam em baixa”, observa Praça. A explicação para esse mau desempenho está em parte no fato de que algumas Big Techs não apresentaram os resultados esperados no terceiro trimestre. No caso da Meta, dona do Facebook, por exemplo, o lucro líquido despencou 83%.

Investimentos pesados

Mas o principal motivo de preocupação está nos pesados investimentos que essas empresas terão de fazer para avançar nos projetos de IA nos próximos anos. “As despesas com esses investimentos ficaram muito altas e consomem grande parte dos lucros e o mercado fica receoso de que talvez não seja um crescimento sustentável”, diz Praça.

Ele lembra que serão necessários centenas de bilhões de dólares nos próximos anos para montar infraestruturas para cumprir os projetos de IA que, além de tudo, não dependem só das empresas.

“Elas vão precisar de investimentos do governo em geração de energia, infraestrutura, de espaço físico para grandes datacenters, e tudo isso entra no mesmo cenário de que pode estar se criando uma bolha, apesar de as empresas estarem entregando o prometido até agora”, explica.

Há também um ciclo vicioso no qual as empresas investem entre si e em empresas ligadas a elas, o que aumenta ainda mais sua alavancagem, financiada pelo próprio setor. “O receio do mercado é que, se houver uma bolha e ela estourar, caia o castelo todo.”

Terras raras, ouro e metais

Já no caso das empresas que estão indo bem, além de eventos específicos, como a alta do ouro impulsionando as mineradoras do metal, Praça vê a força de negócios ligados a todo esse investimento de infraestrutura das Big Techs, como as mineradoras de terras raras e outros metais ou das fabricantes de baterias e memórias.

Com relação às terras raras, os atritos entre a China, que domina a oferta global, e os Estados Unidos, depois que o governo chinês suspendeu as exportações para o mercado americano, colocaram o setor muito em evidência neste ano. “O mercado mapeou o segmento e hoje sabemos quais são os potenciais fornecedores, inclusive o Brasil”, diz.

Seria um exemplo de novos setores que podem sofrer ralis, com investidores procurando não perder oportunidades depois que as Big Techs ficaram caras. Assim, os investidores passaram a buscar produtores de ativos físicos, mais palpáveis, o que ajudou também as commodities e países emergentes. “É complexo montar uma carteira de tecnologia hoje, ficou caro e o investidor procura outras narrativas”, explica Praça.

Diferenças da bolha das pontocom

Pelo menos Praça vê uma diferença entre a forte alta das Big Techs e a bolha das empresas pontocom nos anos 2000, que é a rápida adoção das novas tecnologias pela população e a força do consumo, que pressiona as Big Techs a investir na expansão. “O consumidor gostou, quer mais, e o mercado compra”, diz.

A questão é que para continuar entregando novidades e melhorias, o custo pode se tornar inviável para o momento. “As pessoas querem ter robô em casa amanhã, mas o custo para atender a essa demanda nessa velocidade que as pessoas querem pode ser inviável”, conclui.

Incentivo dos EUA às terras raras

No caso das terras raras, um fator macro político muito decisivo foi o atrito entre Estados Unidos e a China, explica Guilherme Morais, analista de investimentos das carteiras internacionais da VG Research. O governo de Donald Trump, para tentar ficar menos dependente da China, ofereceu incentivos para as empresas americanas de terras raras, também prevendo maior demanda pelo material.

“A demanda tende a ser cada vez maior pela IA, mas houve um boom que chamou atenção”, diz, lembrando que as ações subiram muito no curto prazo e, quando a tensão diminuiu, algumas empresas até caíram.  Morais nota que o setor tem pouca cobertura no Brasil, apesar da capacidade enorme de extrair terras raras, ao lado da China e Austrália.

Dúvida sobre o retorno futuro

O grande assunto do momento, porém, é o futuro da IA, afirma Morais. “Ninguém sabe o que a IA vai virar, só que a expectativa é enorme e grandes empresas de tecnologia estão ditando o ritmo, com investimentos pesados”, diz, citando a Alphabet, que deve investir cerca de US$ 85 bilhões neste ano, e outras que seguem nessa linha, na construção de datacenters e infraestrutura.

“O mercado se animou com as projeções, mas quando o investidor começa a olhar esse investimento tão grande agora e crescendo mais ainda no ano que vem, começa a se questionar se o retorno de caixa será proporcional” diz. Declarações do investidor Michael Burry , que antecipou a crise do subprime em 2008, afirmando que está apostando contra as Big Techs, aumentam ainda mais o debate sobre a bolha e o receio.

Bom para investidor de longo prazo?

Apesar disso, Morais destaca a boa performance de algumas empresas e cita a Alphabet, que dobrou de preço de abril para cá. A empresa está investindo muito, mas manteve a rentabilidade e está estreando sua versão nova de IA, o Gemini. Além disso, recebeu um voto de confiança da gigante Berkshire Hattaway, de Warren Buffett, que anunciou investimentos na companhia.

Para Morais, apesar de o mercado estar “com um pé atrás”, as Big Techs ainda têm muita capacidade de crescer e se manter consistentes. Ele entende que, para o investidor de longo prazo, a exposição ao setor de tecnologia é importante já que o segmento dita o ritmo do S&P500 e tem contribuído com a maior parte do retorno do índice.

“É difícil imaginar os movimentos de curto prazo das ações, mas para o longo prazo, evitando concentração, de forma cautelosa, é importante ter alguma participação”, diz Morais que destaca a Microsoft, pela qualidade e tecnologia.

Desempenhos diferentes

Os investidores se perguntam também por que há uma diferença tão grande de desempenho entre as Big Techs, afirma Henrique Vasconcellos, analista da Nord Investimentos. Segundo ele, o caso de Nvidia, maior empresa do setor, é autoexplicativo, já que ela é o principal fornecedor de chips e CPUs para data centers e, conforme a demanda de outras empresas aumenta, ela se beneficia.

Já a Alphabet, dona do Google, ficou para trás no ano passado porque o mercado questionava o impacto da IA nos serviços de busca na internet. Neste ano, porém, ela desponta com alta de quase 50% dólar em Nova York, ao mostrar que as ferramentas de pesquisa continuam sendo importantes e que ela também estava entrando na onda da IA com o seu sistema Gemini. “A mudança de visão sobre a empresa, os bons resultados e um valor baixo das ações ajudaram na alta, apesar de a Alphabet ter mudado pouco”, diz Vasconcellos.  

Investimentos crescentes

Sobre Microsoft e Meta, a performance não tem sido tão positiva, não pelo resultado, mas por estarem prevendo mais investimentos do que o mercado esperava em seus balanços do terceiro trimestre divulgados em outubro.

“A Meta disse que ia investir US$ 70 bilhões este ano e que vai subir esse valor para além dos US$ 105 bilhões estimados pelo mercado no ano que vem e alguns já projetam até US$ 125 bilhões, que vão para datacenters, infraestrutura”, diz.

O que afeta as empresas é a falta de previsibilidade com relação aos retornos, diz Vasconcellos. Microsoft, entra também nessa linha, com gasto elevado com investimentos e outro componente, a dependência das receitas de armazenamento em nuvem da Azure com a Open IA, e que está também sob escrutínio do mercado após seu presidente, Sam Altman, ser vago em entrevista sobre como ele esperava viabilizar os recursos para os altos investimentos nos próximos anos.

Já a Amazon bateu sua máxima histórica e depois caiu 15% após o resultado trimestral, mas mais em função do seu segmento de vendas no varejo e logística nos Estados Unidos, afetado também pelas tarifas de importação impostas a produtos chineses. Vasconcellos vê Apple como uma empresa que passa por uma fase sem grandes inovações enquanto Tesla é mais ligada à indústria automobilística e de painéis solares e estaria menos envolvida na questão da IA.

Ele tem recomendação de compra para Meta, que depois da correção ficou bem interessante para o investidor, negociando a um preço equivalente a 18 vezes o lucro do fim do ano, talvez um dos múltiplos mais baixos desde 2022.

Alphabet já ficou bem precificada depois da alta e Microsoft é uma empresa interessante depois da queda, assim como Amazon, mas não estão na lista de preferidas de Vasconcellos, assim como Tesla e Apple.

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